Foi-se o tempo em que o amor
Não apelava pra razão,
Desafiava a contra-mão, por si só
Foi-se o tempo em que o amor
Paparicava nas manhãs,
provava o doce das maçãs do amor.
Foi-se o tempo em que o amor
Dizia tudo num olhar
Se envergonhava no "com quem será"
Foi-se o tempo em que o amor
Cabia em bolhas de sabão
Usava a Lua como inspiração
E o amor cuspido em mil bordões
Deixou de ser tão cego, surdo e mudo
Inunda a paz de solidão
Cabisbaixo e moribundo
Ele observa agora o mundo
Da vitrine de um vazio coração
Foi-se o tempo em que o amor
Se declarava em multidões
Comprava brigas com dragões cruéis
Foi-se o tempo em que o amor
Se confundia com paixão
E desfilava marcas de batom
Foi-se o tempo em que o amor
Brindava ricos e ladrões
Calava balas de canhões do céu
Foi-se o tempo em que o amor
Nascia sobre um chão de giz
Beijava sapos num final feliz
E o amor cuspido em mil bordões
Deixou de ser tão cego, surdo e mudo
Inunda a paz de solidão
Cabisbaixo e moribundo
Ele observa agora o mundo
Da vitrine de um vazio coração
Do que vale um céu sem ter o chão...
Foi-se o tempo do amor
Que já não sei se vai voltar...
Mas eu guardo um pouco pra lhe conquistar.