Venham todos ver
vende-se meninas e prazer
e as meninas agradecem
pois terão o que comer
Sinto o cheiro da vida
cidade, esquina, sertão
pro homem faminto comida
ou sete palmos de chão
sinto o gosto na boca
os pelos roçando o nariz
a foma e a panela oca
teu corpo mais nada me diz
Maracutaia...
Maracutaia...
Sinto a pele roçar
meu corpo teu corpo invade
me esforço e tento lembrar
um verso do Drummond de Andrade
magote de gente maluca
me invadindo sem ter calma
e lambendo minha nuca
minha flora, minha fauna
Maracutaia...
Maracutaia...
Maracutaia...
Maracutaia...
A filha, a mãe e a avó
as palavras e as rimas
tão escassas quanto a dó
no coração das meninas
se é preciso saber pra viver
vou olhar e tentar descobrir
te tocar e depois te beber
vou roubar e depois dividir
tenho sete gatos em casa
são quarenta e nove vidas
mas a tua é como nada
pelas ruas, avenidas
o teu corpo, tão barato
é vendido na esquina
se fugir, te pego, mato
ve e aceita a tua sina
Maracutaia...
Maracutaia...
Maracutaia...
Maracutaia...