DISSONANTE
O concreto impera.
Ergue-se,
sobre o pacato mato
do passado de há pouco,
mais um prédio.
O mundo
muda
numa manhã.
São os operários
e seus melancólicos martelos:
o tilintar do progresso cinza,
perigoso e lesto.
Leste, sul,
oeste e norte.
Cada vez mais homens
cada vez menos humanos...
Trilho,
nesta alvorada entardecida,
minha trilha
de paralelepípedo.
E ouço
o canto
de um galo preguiçoso...
Curioso:
cômico dissonante
na triste e estranha
melodia urbana.