Sobre a final do campeonato estadual de 1922 entre o sporting boa vista de tocantins x goianieis football club"
Foi em vinte e três de dezembro de mil novecentos e vinte e dois, eu lembro do meu avô contando como se
Fosse hoje. foi em goiânia, toda aquela multidão na arquibancada e os vinte e dois jogadores no campo, morrendo de medo
Do que poderia acontecer naquele dia. todos estavam nervosos. seria uma partida clássica entre os
Honrados e truculentos homens de goiânia contra os ágeis e espertos separatistas do norte. o clima não
Era nada festivo, dizia-se que esta partida poderia mudar a história da cidade, do estado e quiça, do país.
E de certo modo, foi isso o que aconteceu. os arbitros entraram em campo suando frio, o governador estava
Na tribuna de honra, os radialistas se degladiavam atrás de uma entrevista com o gordo governador, que
Só fazia rir. na verdade, ele nunca gostou de futebol, mas tinha queda pelo dadá, centro-avante do
Sporting, diziam que se dadá pedisse, o governador separaria o norte do resto de goiás, mas ele nunca teve a chance de
Pedir. então começou a partida. logo no primeiro minuto, robert nelson lançou
Dadá, que driblou o goleiro e marcou o tento, mas o governador reclamou, falou tão alto que a platéia toda
Parou de fazer barulho e os jogadores se voltaram par a tribuna de honra, afim de ouvir atentamente. disse que os gols
Não poderiam sair nos primeiros cinco minutos de jogo, fazendo com que o referee marcasse falta de ataque.
Os animos esquentaram, muitos xingamentos podiam ser ouvidos no campo, palavras indizíveis para cavalheiros
Da alta sociedade que eram aqueles jogadores. aos treze minutos, sidnelson di valiqua, o goleiro do goianieis, reclamou
Ao juís, dizendo que fora agredido por um dos jogadores do sporting boa vista de tocantins, e recebeu uma advertência por
Estar descaradamente mentindo. foi quando a confusão começou. o capitão do goianieis desferiu um chute numa das canelas
Do árbitro, que prontamente deu-lhe um soco. os jogadores do sporting, sem entender nada, partiram para cima do juís também,
Foi mesmo muito confuso. seis jogadores e juiz tiveram que ir direto para o hospital, já que todos se degladiavam, até
Jogadores do mesmo time, só para não ficarem parados, o espetáculo não poderia parar. sem um árbitro, o próprio governador
Foi ao campo e disse para os jogadores restantes voltarem às suas posições, pois o clássico seria reiniciado e ele mesmo
Seria o referee. pelos próximos vinte minutos, eles correram de um lado para outro, mais tentando acertar os outros jogadores
Do que a bola. foi quando mauro maurício, atacante do goaianieis bateu uma falta com perfeição, encaixando a bola no ângulo,
Mas ninguem ouviu o apito do governador, que estava parado próximo ao gol, olhando para cima. os jogadores se entreolharam e
Depois viram o governador tombar de face para o chã, desfalecido. então a segunda e derradeira batalha começou e ao redor
Do governador já falecido, todos os jogadores restantes se chutavam, e a platéia invadiu o campo, uma verdadeira batalha
Campal. dizem que a última palavra pronunciada pelo governador foi o nome de batismo de dadá, danielson, mas isso nunca
Será confirmado. foi a última vez que os dois times se enfrentaram, e esta partida foi usada para promover a criação do
Estado de tocantins, mais de sessenta anos depois.
Musica incidental:
"hino estadual"
O sonho secular já se realizou
Mais um astro brilha dos céus aos confins
Este povo forte
Do sofrido norte
Teve melhor sorte
Nasce tocantins
[estribrilho]
Levanta altaneiro, contempla o futuro
Caminha seguro, persegue os teus fins
Por tua beleza, por tuas riquezas.
És o tocantins!
Do bravo ouvidor a saga não parou
Contra a oligarquia o povo se revoltou,
Somos brava gente,
Simples, mas valente,
Povo consciente.
Sem medo e temor.
[estribrilho]
De segurado a siqueira o ideal seguiu
Contra tudo e contra todos firme e forte
Contra a tirania
Da oligarquia,
O povo queria
Libertar o norte!
[estribrilho]
Teus rios, tuas matas, tua imensidão
Teu belo araguaia lembra o paraíso.
Tua rica história
Guardo na memória,
Pela tua glória
Morro, se preciso!
[estribrilho]
Pulsa no peito o orgulho da luta de palma
Feita com a alma que a beleza irradia,
Vejo tua gente,
Tua alma xerente,
Teu povo valente,
Que venceu um dia!