Vou te explicar qual é a situação
Se não vai na igreja, não tem moral
Se bebe cerveja, vai pro inferno
E o que reina é a ostentação
E a santa ignorância do ser humano que pensa que
Só porque veste um terno é o dono do sim e o não
Se tem carro novo pode, se tem nome na cidade, pode
O que não pode é ser feio e pobretão
Tatuado, nem pensar, se é "viado", sai pra lá
Não querem aproximação
Mas, vagabunda vai pra rua, seminua
Paga de puta, rebola a bunda
E se a grana é curta ela não cai na sua
A novinha paga de santa, na rede social até engana
Compartilhando foto da miséria africana
Bonitinha, arrumadinha, patricinha mas
Não pode ver outra mais linda que a inveja predomina
Tu não tá nem na capital, larga de se achar a tal
Acha que tá abafando, mas, tá se queimando
Barra de são chico, hoje, só o lixo e os bicho
Só cristo pra ter piedade
Porque o prefeito não tá nem aí com isso
Enquanto o povo aqui se fode
Com mau cheiro de poste em poste
Ele nem pisa na cidade que assumiu compromisso
Geral se espanta, chama, clama e reclama
Mas não levanta
E pede coca ou brahma e senta no sofá
Pra ver o mengo e o vasco da gama
Assim não dá, se quer mudar, tem que lutar
Por pra quebrar
Ajeita, prepara, dispara, dá na cara
Para e não repara e não deixa apagar!
A rima aumenta minha autoestima
A seringa injetando heroína
A preguiça de fazer a faxina
A policia segue aceitando propina
Hoje eu tô louco pra sair daqui correndo
Não que eu odeie a cidade
A verdade é que eu preciso elevar meu pensamento
Galera fala o que não sabe e julga quando dá vontade
É só o cara ter dinheiro pra moçada querer amizade
Se não tiver, pode meter o pé, não passa de um mané
Ralé, onde comprou esse boné, no camelô do seu zé?
Ha ha ha, da nike que não é, né?
Foda-se!
Foi o que sempre pensei, vivo de boa e não pago de rei
Sinto que sei mais que você
Por gosto musical dá pra perceber
Você sai na rua todo engomadinho pras
Menina notar você bonitinho
E a senhora pensar que é um cara certinho
Reputação em alta, neurônios em baixa
Eu to nem aí, sei bem de mim, garro com deus
Tenho minha fé, sei que ele não quer minha grana
É a igreja que quer
Faço o que bem entendo, dificilmente arrependo
Minha família eu defendo até o fim dos tempos
Não ligo se olham pra mim e pensam que sou louco
Pois louco todos somos um pouco
No meu caso o dobro ainda é muito pouco
Torço pelo bem do povo, a justiça e não o suborno
A realidade e não o jogo
E o preto fosco!
O moleque não tem comida pro almoço
Ele quer carne e só acha osso
E com desgosto volta pra boca de novo
Na lata taca fogo, ninguém pra dar apoio
Só pra chamar de escroto
O pobre do menino sem um puto no bolso
Sem oportunidade o pivete cresce
A margem do que ele vê por aí
Sem ter pra onde ir, decide desistir
E opta por sair e assaltar
Pro seu estômago ter o que digerir
A sociedade engrandece o que, de fato
Não era nem pra existir
Porque esse mundo aqui, termina logo ali
E daqui não se leva fama, nem dinheiro, status
Ou o que se vestir
A gente passa na rua e vê a ponte destruída
Só um estrago de muitos da enchente
Que marcou nossas vidas
Muros desabaram, carros se afogaram
Comércio, móveis, imóveis inundados
Barcos transportaram o que não foi arrastado
Depois de um ano ainda o rastro
Nada aqui foi consertado
Nego esperou deitado e ao acordado foi lembrado
Que o descaso é necessário
Já que o povo esquece fácil
Basta seu time fazer um gol no campeonato, é fato
Um elogio aqui é raro
Só se for pra puxar saco
Do riquinho, playboyzinho de carro importado
Na cara não fala, tem medo ou é falsa
Por trás te esculacha, com salva de palmas
Tem grana, é amigo, não tem, é fodido
Preciso de abrigo, se ferra sozinho
Não tenho dinheiro, me empresta dinheiro
Não tenho, parceiro, procure um emprego
Fico sem jeito, pois, nem ler eu leio
Meu nome completo, mal, mal eu escrevo
Mas, fica tranquilo. valeu a atenção
Sendo o caso durmo até embaixo de um caminhão
É isso aí! ninguém quer ajudar ninguém
Mas todos querem ser ajudados
Tolos, ignorantes, individualistas, mercenários