Meu samba vem de um rio de água barrenta
Muito mestre vem e tenta atravessá-lo de nado
E só no ano passado se afogou mais de quarenta
Barco e navio a correnteza levou
Mas um gaiato tentou nadar na raça e no peito
E afundou do mesmo jeito que o Titanic afundou
Poeta veio pescar porque tinha estudo
E eu fiz um verso graúdo do jeito de um peixe lindo
Que terminou engolindo poeta, anzol, vara e tudo
Nesse meu rio tem água quente e gelada
Água corrente e parada, pra eu tomar banho nela
E quem beber d'um pingo dela já fica bom de sambada
O rio Goiana tem samba meu na enchente
O mestre cai na corrente, aonde estronda por cima
Em cada pingo uma rima, em cada bolha um repente
Meu samba corre no rio Tracunhaém
Na hora que o peixe vem beliscar tem alegria
Que até na água fria, meu samba é quente também
Mostrei o rio de verso onde eu tenho nadado
E querendo um samba pesado, boiando em rio caudaloso,
procure Sérgio Veloso de Oliveira, seu criado
Mostrei o rio sem deixar faltar nadinha
Querendo uma ajuda minha, procure com confiança,
Manoel Carlos de França, o popular Barachinha