Tenta observar sem se admirar
Que o ponteiro não é mais tão devagar
Como costumava aparentar
Durante a nossa infância
Ontem já passou e o amanhã está
A alguns minutos para chegar
Em questão de segundos o deixa escapar
E não mais o alcança
A necessidade nos cobra velocidade pra que sobre um tempo pra viver
Mas há dificuldade em encontrar felicidade na felicidade que nos impõem
Parece se inofensivo mas
Nos matura e amputa a inocência
Marca as faces com rugas
E por vezes nos distrai a dor
Nos faz parecer pesados demais
Perante a sede de vida
E o tempo que sobra
Para saciá-la após o expediente
Não sei o ponto
Em que o relógio começou a ser o inimigo
Talvez foi quando olhei no espelho
E vi o tempo marcado em meu rosto e a impossibilidade de voltar
Eu retrocedo em pensamento sendo assim viajo no tempo
Experimento um doce azedo por lembrar
E ao final do dia quando finda a correria
Recarrego as baterias para um novo dia contemplar