A voz forte segue pelos palco
Contagiando de bairro em bairro
Fazendo o boy entrar em danger
Porque a legião aqui é grande
De uma fita cassete pr'um Cd profissional
Que coisa hein, olha só o marginal
Talento aqui é mato, o negligente é você
Negando recursos pra gente crescer
Mas com perseverança mudei a pintura do quadro
Que era de Al Capone pra um revolucionário
Você pode controlar o dinheiro
Mas ainda não tem o mesmo pra pensamento
Não como o meu de indignação e revolta
Com você gastando milhões em blindagem e escolta
Enquanto o moleque na rua se cria
Isso que é se virar nos 30
Você não sabe como é conviver com a polícia arrogante
Que te humilha mesmo sem flagrante
Cadê a câmera escondida
É só pra usar pobre como piadinha
A sua hipocrisia não me engana
Como os desenhos dos tempos de criança
O pensamento agora é outro e bem mais louco
Jogando na sua cara o seu jogo de porco
E vai pensando que é só palavras
Tem um louco se informando e metendo as caras
Dando um basta no sofrer que você quer ver
Que ironia, a clínica é pro seu filho alucinado de ecstasy
Pra mim agora é só cultura de rua
Microfone, pickups, postura dura
Querendo viver e não apenas sobreviver
O meu direito eu vou exercer
Sou negro velho de guerra
A sua indiferença não me desespera
Sou negro velho de guerra
Vai segurando agora, verme da terra
O rap influência lógico, influência
Mas aí ver você se liga
Se minha rima não constou
Foi o seu ouvido que entortou
Aqui coisa mandada não tem
Bode expiatório de ninguém, nem vem
Pela liberdade alguma coisa eu concordo com o hino nacional
Desafio o próprio peito ao funeral
Na terceira maior cidade do mundo
Torre de babel, terra da garoa
O moleque franzino não morreu no leito do hospital
Superou doenças, enchente no temporal
Se esperasse pelo seu projeto de governo
É mais fácil a vaca tossi do que você tomar jeito
Do jeito que as coisas andam, não sei não
O discurso tá pra virar, arma na mão
Se vamos protestar na rua com calma
Levamos botinadas, balas de borracha
Isso não é de hoje é histórico
Mas estamos ai firme propósito
Só Deus pode me julgar
E eu tenho a cabeça no lugar
Eu sei que você fica irritado com ver um de nós em ascensão
Longe da sua escravidão
E tem uns que vocês ainda suporta
É porque no discurso adoça
Minha raça não tem solução de continuidade
Ah não ser que Deus acabe com a desumanidade
Não é orgulho não doutor
É só uma questão de me dá valor
País mestiço é um dedo na goela
Dá-lhe! Negro velho de guerra
Sou negro velho de guerra
A sua indiferença não me desespera
Sou negro velho de guerra
Vai segurando agora, verme da terra