Missal de poncho y esquelas
Rumor de laços nos ares
E os orientales cantares
Com sonidos brasileiros
Confraria de fronteiros
Numa lida que os hermana
Com tropilhas castilhanas
Outras do lado de cá
É a gente do Aceguá
Templa criolla y buerana
No hay embargos em fronteiras
Pra quem cruza de a cavalo
No se pergunta si ES malo
Nem tampouco pra onde vai
Entre Brasil e o Uruguay
Persiste uma só consciência
Na harmoniosa convivência
De esporas pedindo cancha
Na orilla de uma sanga
Bebendo pátria e querência
Se enredam melena y crina
Da potrada e do ginete
Nesse crioulo cacoete
De manter a raça viva
Pela origem primitiva
De antes das caravelas
A eternizar aquarelas
Sobre a tela do horizonte
Trazendo vincha em la fronte
Celeste, verde e amarela
Se confundem línguas pátrias
Nos dois lados da fronteira
É a nossa indiada campeira
Na mesma linguagem franca
Gente rude de alma branca
Sovando os mesmos costumes
É fronteira sem tapumes
Sem convenções nem dialetos
Donde avuelos y netos
Vislumbramos mesmos lumes
Tem gente cá do minuano
Hay gente Allá de Noblia
Alma llana de alegria
Que contagia los otros
Llevando sudor de potros
E crina por entre os dedos
Contrabandeando segredos
Para recuerdos guardados
Dos golpes dos aporreados
Do olhar do chinaredo
Não há fronteira no ser
E nem os marcos dividem
Que as diferenças se olvidem
Na mesma causa comum
Sem preconceito nenhum
Na igualdade do fronteiro
Entre o milico e o quileiro
Entre o campeiro e o patrão
Persiste esta comunhão
De ser amigo e parceiro
Nos fundimos numa só patria
De gauchismo e querência
Mesclado da mesma essência
No idioma das milongas
No alambrado que se alonga
Pelos fundões das estâncias
Onde se guardam fragrâncias
Do sincretismo charrua
Partindo hóstia de lua
Pra alimentar nossas ânsias