Dê um jeito de lavar essa cabeça de um modo que a água leve as preocupações.
Essa noite, passe um pente nos cabelos, se ajeite bem direito, regule as pulsações.
Dê um jeito de agir sempre correto de um modo que você ganhe as atenções.
Meça passo, palavra, gesto,
diga a todos que não presto,
despertando as emoções.
E me mate com u'a só punhalada, desça correndo a escada, ponha culpa nos ladrões.
Faça cena, faça pose de inocente, arrganhe bem os dentes, desfazendo as impressões.
Me procure depois noutros amantes, e estarás, como antes,
sozinha com seus botões!
Desse jeito, eu vou perder minha cabeça e ainda não estarei livre das preocupações,
todo dia essa comida com cabelo, permanente, natural, recheado de loções.
O seu jeito de agir sempre correto não lhe esconderá no rosto as intenções.
Não blasfema, não protesta,
diz que eu sou o que não presta, o indigesto dos patrões!
E me mate com u'a só punhalada,
desce correndo a escada,
põe a culpa nos ladrões.
Me dá nojo o seu passado,
seu presente, o meu sangue nos seus dentes e na faca as impressões.
Me procura depois noutros amantes, querendo braços de antes, sozinha com seus botões!