eu ando e paro em quase todo canto
eu canto a nossa canção e o vento espalha
no espelho velho do aeroporto
a estação me confunde e o cais me olha
naquela praça vive um coreto
e dentro vi um precipício
a esquina guarda alguma contramão
não lhe vejo lá de cima
do edifício numa corda bamba
eu volto cambaleando, lendo, longe
onde é que onde foi
onde está você pr'eu fugir
eu vejo todo o mundo e não lhe acho
acho
e quando eu paro em quase um segundo
primeiro eu beijo o vento e o som me volta
todo desejo vem numa corrente
sua presença tão quente não me solta
me põe na cama como uma doença
e a solidão me desconcerta
sussurrando diz
você me deixou
certa