Rosa cismou que tava apaixonada
e não largava por nada seu Cravo que é de fé
Montou casa pra ela, lá no alto do morro
E ela comprou lençol, vasilhas Tupperware
E Foi sem dizer nada, morar com o camarada
que conheceu no samba que rola na Sumaré
Roletou no cabana e acordou na cama
o preto era bacana, levou até café. (vai vendo!)
Cheiroso, bem vestido, bem apessoado
bem aparentado o cravo falava mansin
Tinha o toque da seda, e o pulo do gato
171 nato, nervoso e ela dizia "esse é pra mim"
O cravo era mestre sala na Imperavi de Ouros
Rosa era passista na Cidade Jardim
Rosa era galão da massa e o cravo raposa criada
Passou o trinco na porta pra ela não sair
Cortou a tira da sandália, jogou fora a maquiagem
Escondeu o tapa sexo, amassou a aramagem
Queimou toda a fantasia, de ser feliz um dia
e foi quarta feira de cinzas antes do fim da viagem
Esses romances que prendem a gente, sufocam
O Cravo brigou com a Rosa
e a Rosa chorou calada
Essas paixões violentas que matam e cortam
O Cravo se sentou o rei da cocada
e a Rosa despedaçada
Mas Rosa tinha o topete alto e pulou a janela
enquanto o cravo farreava, gastando o dinheiro dela
Chegou no outro dia às seis, virou toda a favela
encontrou a Rosa dormindo na casa da Gabriela
Ela falou que não ia e ele arrombou o portão
Um rabo de arraia e a rosa caiu no chão
Foi a gota d'água, ia se vingar
Nunca foi de desaforo, machista não passará
Pôs o Cravo de joelhos, fez ele implorar
teve que pedir arrêgo, quase morreu de chorar
lembrou o nome da mãe, inventou santo pra orar
cabulosa, a Rosa era faixa vermelha em Krav Maga
Esses romances que prendem a gente, sufocam
O Cravo brigou com a Rosa
e a Rosa chorou calada
Essas paixões violentas que matam e cortam
O Cravo se sentou o rei da cocada
e a Rosa despedaçada