Deixo em casa a vontade louca de sonhar
Visto a farda
E sem patente alguma, não sou militar
Leio a carta
Sigo as instruções para não falhar
Não me dou ao luxo
Tenho filhos, vícios pra alimentar
E o ego também
No meio da cara
A coragem se esconde em cada olhar
Fico até sem graça
Por ser só uma pilha, só uma caça
Na fábrica de escravos
Batendo ponto, martelos e carros
Na fábrica de escravos
Do grande irmão
Limitam por onde andar
De olhos abertos
Pra no óbvio atropeçar
Não fala nada
Só segue a massa e bate palma
Vigiando-me em qualquer lugar
Pra carência não vir reclamar