Lá no bairro aonde eu moro
Num dia destes passados
Deu-se um causo impressionante
Que ficamo admirado
Uma vizinha de casa
Que há tempo tinha aviuvado
Ficou ela e três filhinhos
Residiam num sobrado
O velho quando morreu, ai
Deixou alguns cobres guardados
Era meia-noite e meia
Relógio tinha marcado
A viúva não dormia
Virando por todo o lado
Quando quis pegar no sono
Escutou um forte chamado
Ela então reconheceu, ai
Que era a voz do seu finado
Vai acudir nossos filhos
Para não morrer queimados
A velha virou pro canto
Pensou que tinha sonhado
Quando a voz se repetia
Vai fazer o meu mandado
Ela levantou depressa
E o quarto estava fechado
Arrombou a porta e entrou, ai
Num gesto desesperado
Uma vela sobre a mesa
Já com fogo no toalhado
Com o barulho da porta
Que os filhos tinha acordado
A mesinha em labareda
Na cama estava escostado
Meus filhos, pra que esta vela
Se a força não tem faltado?
Minha mãe, 15 de agosto
Nós estamos bem lembrados
Que hoje completa um ano
Que papai foi sepultado