Eu não sei qual vai ser ou quanto tempo vai levar,
Mas posso prometer ao menos vou tentar
E se Deus permitir, eu vou chegar.
Cresci lutando contra minhas estatísticas
O herói do gueto é o maior alvo das críticas;
Convivendo desde cedo com a malícia
Evitando o pior e sala de legistas.
A cada queda eu queria ir mais alto,
Correndo contra o tempo, meu destino era o palco.
Segui na fé sem contar com minha sorte,
Longe do crime com ideias fortes como glocks.
Sonhava com a fama; carrões e coisa e tal...
De forma natural, eu caí na real.
Meu filho nascendo, minha mãe morrendo,
Sem trabalho ou otimismo e as contas crescendo.
Tipo num beco sem saída trevas me envolvendo
Minha fé, minha força desaparecendo.
Na minha pior fase enxerguei a verdade;
Perdi vários rounds, mas não fui a nocaute.
REFRÃO
De cabeça erguida sigo o meu caminho
Aparentemente solitário, mas não estou sozinho.
Carrego comigo uma grande fé,
Que me ajuda e me sustenta sempre de pé.
Eu sei que tenho que lutar, não vou desanimar não...
Vim de lá do oeste sei o meu lugar, eu vou chegar...
Firme no repique vem marcando tantam
Ronco de bandite eu lembro cheiro de romã
Bandeira no sol-apique, mangueira e maracanã.
Unguento sarando o corpo igual um dia Vietnã.
A lua saldando o sol, o povo cobrando a vez.
As mães tão pedindo paz, governo quer solidez.
Retórica desde então, tipo desde que eu cheguei.
Onde tinha uma igreja só, hoje tem mais de seis.
A palavra se propagando num telefone sem fio
De fé não se more mais, também não aplaca o vazio.
A vida já não faz rir, a dor não te faz chorar,
O amor não faz desistir, a sina faz caminhar.
Se apega ao que está mais perto, certo é perseverar;
Vai ser roupa de valor e várias minas pra amar.
Na Estrada o futuro entoa, tambores só pra sambar.
Nas luzes de refletores o show tá pra começar