Surge lá no meio da floresta, as primeiras résteas do gigante cor de ouro
A fumaça flutua e acompanha a neblina no pico do morro
É o sinal
O soldado raíz está em pé zelando seu maior tesouro
No rancho do boiadeiro o fogão conserva a brasa na claridade
A chama do fogo mantem vivo seus costumes e traz prosperidade
As portas abertas
A panela na chapa
Um eterno sorriso
Simples e humilde, sente-se bem em compartilhar seu paraíso
Na madrugada o gado leiteiro deitado em frente a mangueira
Caboclo sentido se entristece quando escuta a moda do menino da porteira
Especialista num frango caipira no molho
Um porco destrinchado na lata
Paz, alegria, uma brisa macia que o vento traz lá da cascata
Nascente divina de um rio de água doce
Maia dez chumbada pesada
Traia de argola branca e um corote até a roia da amarelada
O sabiá arrepia, raia nervoso
O joão de barro aterrisa num barro de lama solta
Observando tudo acendo um paieiro bem trabalhado com direito a uma linguada na ultima vota
Aqui chove manso
O sol aquece o feijão no terreiro antes da maiada
A noite na varanda, lua chamegosa
Estrela que me guia ao pé da serra encantada
A luz chegou, mas tenho saudade do lampião
Hoje tem o trator, mas foi no cabo de uma foice
Que vencia a serra alta pra plantar meu último
Feijão
Hoje tem implementos, mas foi no cabo de um prainé que criei meus filhos
Não existe mais poeira, adeus avenida boiadeira
Cobrindo com piche os nossos trilhos
O progresso está me encurralando
Como se fosse o ultimo do moicanos
Continuo defendendo os nossos costumes e os limites meus
Pois acredito que posso
Enquanto houver saúde
Bons amigos e as bençãos de Deus
Que Deus possa fazer parte desta história