I. (Zap-san)
Eles juram que estamos livres
Que a princesa branca era uma heroína com diretrizes
Que nos livrou do sufoco, dos troncos
Dos trancos, barrancos, do caos, da crise
Digna de fé, santa Isabel, livrou as correntes de nossos pés
A professora disse que se ela não agisse
Ninguém faria com que a escravatura se abolisse
Ignorando a luta de Zumbi
Menosprezando, assim, mortos, negros mutilados
Sozinho eu descobri que o castigo
Ía muito além de serem amarrados e chicoteados
Tortura imoral, pra cada desobediência até corte na genital
"Castiguem esse negro!
Só não machuque suas mãos e seus dedos
Pra não perdermos um serviçal"
Pedras no caminho, tudo contra esses neguinho
Até a porra do "Pe... " era "... lourinho"
Vida em desalinho, dia a dia
Contando os mortos num lento extermínio
Å professora disse que só se teve um fim em 1888
Foi necessário, na aula de Matemática
Eu fazer as conta e ver que enfim, que pior
Isso mal fez um centenário
(Refrão)
As chibatadas de hoje em dia: verbas desviadas, educação falida
A feijoada de hoje em dia: cota em faculdades e Bolsa-Família
Ii (Zap-san)
Brasil, 500 de história e os mesmos 500 de escravidão
Os pretos e pretas antes batiam continência
Hoje em dia batem cartão
E os capitão do mato, hoje em dia fardados, motorizados
Com o mesmo sarcasmo e malícia
Upgrade do chicote, hoje é cacetete de polícia
Atualizaram os negreiros também
Alguns deles até têm o logo da Mercedes Benz
Vão e vêm das quebradas, das favelas, becos, vielas
Que atualmente são nossas senzalas
Tudo como antes, só que aqui jaz
O espírito quilombola, como o de nossos ancestrais
Ainda levamos chibatadas
A diferença é que a nossa essência
Hoje é uma feijoada enlatada
Banzos numa missão áspera
A resistência podia fazer parte dessa diáspora
O frio em nossas vísceras é a prova
Que as nossas vidas não tão prósperas, um tanto míseras
Sinal que a tal da abolição não era verdade
A escravidão só se travestiu de liberdade
Capricharam na maquiagem
Porque tem gente acreditando nessa farsa
Mesmo atrás das grades
(Refrão)
As chibatadas de hoje em dia: verbas desviadas, educação falida
A feijoada de hoje em dia: cota em faculdades e Bolsa-Família
II. (Amiri)
Todo mundo olhava pro fundo da sala aquela verdade
É um travesti escandaloso então quase ninguém fala 'ela'
Na tela é: "Uau, gueto! "
A vera é que as amigas da Princesa
E ela eram fãs de um pau preto
Então conheça a dor de ser tratado igual esterco e vendido
A preço de banana por essa elite de bandido
Que nos quis morto eternamente em berço esplêndido
Não entende? So-mos remix do João Cândido
Chega de extermínio e defunto com a consciência
Negra perdendo irmãos junto com a paciência
Então eu te pergunto o que é potência crucial
É acharmos a saída de emergência social
Eles nos tiraram tudo e agora temos centavos
Então o que que te faz se sentir menos escravo?
Ou menos lixo na jaula da escória?
O corre é pra que um de nós nunca mais se sinta bicho
Na aula de História!