Quanta gente neste mundo, que tem muito me invejado
Só porque sou um autor e cantor muito afamado
Eles cantam minhas modas e muito têm calculado
Que estou sempre numa boa e nunca desanimado
Só porque o verso é lindo e também muito engraçado
Eu faço com muito amor estes versinhos rimados
Mas eu sou um João ninguém, um cantor mal acabado
Não sou nada mais que eles, só que sou bem humorado
Eles pensam que eu moro na bela de uma mansão
Moro no meio do mato buraco morro e grotão
Outra coisa que eles pensam que eu tenho um baita carrão
Até o sapato rasgou eu ando de pé no chão
Acham que só tomo uísque, bebo pinga em garrafão
E o cigarro que eu fumo é um baita palherão
O meu disco roda muito nas rádios e televisão
Sou eu que ligo pedindo com de sebastião
O meu conjunto não para toca em toda região
É porque toco barato por um saco de feijão
Já ouvi um falatório ele tem dez mulherão
Tinha uma, mas fugiu com o tal de Ricardão
Meu sabonete é de soda e meu xampu é de limão
E se eu quiser comer carne tem ter sorte em montão
A galinha do vizinho que cair no assaprão
Mas para todos os efeitos sou um artista folgadão