Carreiro velho das estradas asfaltadas,
Lá nas estradas do atalho do grotão.
Ele cortava com a roda do seu carro
Nestas estradas não passava caminhão.
Carreiro velho neste tempo era moço
Tinha destreza pra sair de madrugada.
E no gemido do cocão serra acima
Ia pensando na sua mulher amada.
Mudou o tempo com o avanço do progresso
Carreiro velho não pode mais trabalhar.
Guardou o carro e o arreio da boiada,
Carreiro velho vive agora a recordar.
Vê o retrato da boiada na parede
Que foi tirada no jardim lá do arraiá,
Quando ele lembra das proezas que fazia
Beija o retrato e chora pra desfarçar.
Junta de guia, o Marchante e o Brioso,
Junta de coice,Diamante e Coração.
Junta do meio Fortaleza e Progresso:
Seis bois de carro deixaram recordação.
Carreiro velho este mundo é mesmo assim
Em nossa vida tudo passa de repente.
As coisas boas vão embora com a idade
Só a saudade fica morando com a gente.