É muita navalha na minha carne
É muita espada pra me furar
Muitas lambadas nas minhas costas
É muita gente pra me surrar
É muita pedra no meu caminho
É muito espinho pra eu pisar
É muita paixão e muito desprezo
Não há coração que possa aguentar
É muita serra pra eu subir
É muita água pra me afogar
Muito martelo pra me bater
Muito serrote pra me serrar
É muita luta pra eu sozinho
É muita conta pra eu pagar
É muito zape em cima de um ás
Mas a Terra treme quando eu trucar
Na beira de um grande abismo eu vejo o mundo pendendo
Sei que vai quebrar o nariz quem errado está vivendo
Na unha de quem não presta tem gente, boa sofrendo
Tem homem de duas caras, sem palavra se vendendo
Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo
Pra não casar na justiça, tem malandro se escondendo
Casamento e muito pouco filharada está nascendo
Pra criar filho sem pai, tem avô que está gemendo
Também à custa do sogro, tem genro que está vivendo
Chega de tanta sujeira eu vou começar varrendo
O poder de Deus é grande é força que não esgota
Eu ando com Deus na frente, pro azar não dou pelota
Vou colado com a sorte igual o caibro na vigota
Dei um chute na miséria fiz ela virar cambota
Meu pagode é linha reta, não sai um palmo da rota
A mão direita ponteia, danço o dedo na canhota
O meu peito é uma jamanta que não transporta derrota
Lotadinha de sucesso, desce a serra e não capota