Vida dura, meu Deus que pendura
Eu não faço loucura mas me sinto mal
Passa um mês, passam anos e anos
E a coisa não muda tá sempre igual
O salário do jeito que tá
Já deixei de comprar miudeza em geral
Fico brabo feito uma cobra
E no bolso não sobra um bendito real
Fim de mês eu recebo o salário
E de novo eu saio pras conta acertar
Mês passado eu paguei o mercado
Esse mês eu não pago, vai ter que esperar
A quitanda, a farmácia, o barzinho
Eu reparto um pouquinho pra ninguém chorar
Não paguei nem o dízimo na igreja
Gastei com cerveja Deus vai perdoar
Desespero é quando acontece
Que alguém amanhece meio doente
Se a doença mata devagar
O valor da consulta mata de repente
Então vai la pro INPS nem bem amanhece tem 30 na frente
O doutor na cadeira se ajeita
Rabisca a receita e nem olha pra gente
Fui atrás de um rabo de saia
Pra quebrar o estresse dessa vida cruel
Pernoitei com uma moça tão linda do cabelo preto
E os lábios de mel
Numa noite de pura urgia eu me divertia fazendo escarcéu
A alegria durou só um pouquinho
Voltou o chequinho que dei no motel
Passa o tempo tudo permanece
Não acontece nada de novo
Poderoso come estrogonofe, a mistura do pobre
É um pedaço de ovo
Quando escuto um governo falando
Que tá preparando, um pacote novo
Se prepare compadre e comadre
Lá vem mais pimenta nos rabo do povo