Eu comprei um potro preto
Pus o nome de Trovão
Crioludo, espraiadinho
Na cidade de Pardinho
Comprei na festa do peão
Adomei bem no capricho
Deixei de rédea no chão
Bem cedo ao clarear do dia
Lá na raia da bacia
Eu treinava todo dia
Fiz do potro um campeão
Eu travei uma carreira
Com um puro sangue alazão
Naquele esperado dia
Na raia o povo reunia
Pra ver a competição
Tirei três corpo na frente
E quase morri de emoção
O potro preto ganhou
Muito dinheiro rolou
Vem alguém e me beijou
Ai, no meio da multidão
Morena cor de canela
Cabelo cor de carvão
Seus olhos me acompanhavam
Como estrelas que brilhavam
Em noite de escuridão
O corpo da moreninha
Era igualzinho meu violão
Aquela linda mocinha
Contou-me da onde vinha
Sou filha do Ferreirinha
Morreu na lida de peão
Casei-me com a morena
Dona do meu coração
Hoje eu tenho um sitiozinho
Ali perto de Pardinho
Cinquenta alqueires de chão
Moro no lugar que eu gosto
Que sempre tive intenção
Entre meio Espraiadinho
E a cidade de Pardinho
Na terra do Carreirinho
Parceiro do Zé Matão