Passei a mão no machado
E fui na mata de Angola
Cortei um tronco de imbuia
Lavrei e pus na sacola
Catei resina no mato
Preparei e fiz a cola
A mata é meu colégio
Meu professor, minha escola
Ela dá o que eu preciso
Pra fazer minha viola
O meu pinho ficou pronto
Bem certinho na bitola
Pintei uma flor vermelha
Em forma de carambola
Para afastar os quebrantes
Dos invejosos frajolas
Minha viola tem corpo
Tem alma e se controla
Ela tem vida e respira
Se é maltratada se amola
Violeiro de verdade
Que se honra e é pachola
Não carrega o instrumento
Como se fosse uma bola
Sai parecendo um pedinte
Quando vai pedir esmola
Violeiro meia pataca
Não sabe andar com viola
Porque viola é mulher
E toda mulher é gabola
Segurando-a pelo braço
O violeiro se empola
Na posição elegante
Fica firme, ajeita a gola
São pessoas respeitadas
Por moças e rapazolas
Violeiro morre é de velho
Sua vida é uma escola
É a bandeira do folclore
O bojo da sua viola
Quer ver eu me sentir bem
É onde tem cantarola
Peço licença aos presentes
E vou entrando de sola
Todo mundo se diverte
Quem tá triste se consola
Tão certo como a criança
Que aprende o abc na escola
Festa pra ser boa festa
Tem que ter som de viola