Não sei
Não sabe ninguém
Porque canto o fado
Nesse tom magoado
De dor e de pranto
E neste momento
Todo o sofrimento
Eu sinto que a alma
Cá dentro se acalma
Nos versos que canto
Foi Deus
Que deu luz aos olhos
Perfumou as rosas
Deu ouro ao Sol
E prata ao luar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
E pôs as estrelas no céu
E fez o espaço sem fim
Deu luto às andorinhas
Ai, e deu essa voz à mim
Se eu canto
Não sei o que canto
Misto de aventura
Saudade, ternura
E talvez amor
Mas sei que cantando
Sinto o mesmo quando
Se tem um desgosto
E o pranto no rosto
Nos deixa melhor
Foi Deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar
Foi Deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu flores à Primavera
Ai, e deu essa voz à mim
(Gravado em Portugal, por Zé Renato e Trinadus, no CD "Navegantes", lançado em Portugal, em 2003, pela Som Livre)