Eu vendi meu carro velho
Me livrei de um mausoléu
Que me deixava na estrada
Êta carrinho cruel
Mas comprei um carro novo
Negócio bom pra dedél
Comprei em dois pagamentos
Declarado no papel
Um pra depois que eu morrer
E outro se eu chegar no céu
Baiano baixa no axé
Gaúcho baixa no xote
Se o Brasil baixar na crise
Governo baixa o pacote
Nas festas que tem bagunça
Polícia baixa o chicote
Pra esconder pernas feias
As véias baixam o saiote
Pra mostrar o silicone
As moças baixam o decote
Quem contesta o Livro Santo
É chamado de herege
E é chamado de estorvo
Quem um bom feito impede
É chamado de sem jeito
Quem não doa e nem não pede
É chamado inconsequente
Quem os seus atos não mede
Quem não bem e nem mal
Esse não cheira e nem fede
Vou terminar meu recorte
Já fazendo a despedida
Repicando esta viola
Goianinha garantida
Feita do pau de pequi
Minha fruta preferida
O luthier que a fez
Mora lá em Aparecida
Cidade que também mora
O grande amor da minha vida