Não vou mais procurar entre frestas
Nas brechas de portas que encontro entreabertas
Nos frascos de plástico sem tampa, sem tempo
No espaço do que não oferece alento
Nos cantos de quartos escuros, sombrios
Nos mundos alheios escassos de brio
Porque, loucamente, hoje estou em festa
E a réstia que chega até mim me liberta
Dos vidros de ontem tão cheios de nada
Das minhas idéias de complexada
Da vida contida em um tupperware
Do hoje que devia ser (e não é)
Deixei teu café com adoçante sobre a mesa
E veneno de rato para a sobremesa
Não quero mais tua esmola de cego
Agora me deixa afogar no meu ego