Pai, vim conhecer tua morada
Me renovar na tua proteção
Vim seguindo teus passos pela estrada
Com a alma no olhar, chapéu na mão
Meu sangue tem o salgue dos caudilhos
Meu mundo foi o lombo de um cavalo
Mas esse mundo novo é o dos meus filhos
E sendo pai, bem sabes do que falo
O homem por ser livre criou asas
E fez da liberdade uma prisão
Tá tudo errado, pai, caiu a casa
Por isso eu vim te abrir meu coração
Me ajuda, pai, quero criar meus filhos
Do jeito que meu pai criou a mim
Me ensina vencer tantos empecilhos
E acreditar no certo até o fim
Que a força da verdade ainda vale
Do jeito que valia lá de onde eu vim
Pois temo que meu filho um dia fale:
Verdades mudam, pai, não é assim
Tentei falar do amor e do respeito
Do tempo em que se amava uma vez só
Disseram que eu revisse os meus conceitos
Pois tudo que está velho vira pó
Vejo meninas moças se vendendo
Já cegas pelo brilho dos anéis
Casamentos de amigos se perdendo
Jogados pelo ralo dos motéis
Não deixa, pai, que caiam os pilares
Os poucos que ainda estão de pé
Lá fora a droga ronda nossos lares
E eu vim aqui pra não perder a fé
Me ajuda, pai, quero criar meus filhos...
Composição: Miro Saldanha