O tempo é bueno, a vida tranquila,
O gado tá gordo, é tempo de esquila
O mouro tá manso pro andar das crianças
A lida é dura mas nunca me cansa
Carrego na alma orgulho daqueles
Que fizeram estancias pra vida da gente
Lidando em seus baios, gateados e mouros
Ruzilhos de estouro, plantando a semente
O dia começa a estância acorda
É tempo de lida de banho e esquila
A peonada tá pronta, o sal tá na mala
Pra invernada de cima
O "..." e o ferpa se vão pra esses lado
Sem deixar um boi estengado bichado
Florêncio olha o fundo, josé o outro lado
Que eu vou poraqui com tio luís no costado
Carrego em meus sonhos e peço a Deus
Por dias campeiros na vida dos meus
E cuidem o campo, o gado e os potros
Regalos pra vida, herança dos outros
Genuínos avós que deixaram pra nós
Um rio-grande de herança e uma pátria nos bastos
Os arreios plateados e um semblante de campo
Uma vista da tropa e uma crença nos santos
A noite acampa a estância adormece
A tropa descança só a lua aparece
A peonada que charla de prosa faz verso
Contando pegadas da lida do dia
De gaita e violão as canções vão brotando
Pra alma daqueles que fizeram campo
É a sina da gente que vive pra fora
E tem alma de campo