De Campo e Galpão Adair de Freitas O Sol, num galope, fugiu pro poente
Deixando, no rastro, gaúchos campeiros
Que, ao fim de outro dia, rumeiam' pra estância
No lombo dos fletes, eternos parceiros
O velho galpão se alegra de novo
Ao som das esporas, relinchos, risadas
O velho caseiro já tem fogo grande
Pro mate que mata a sede da indiada
Um cusco pitoco, parceiro de campo
No ventre de um laço se enrosca impaciente
Parece entender os causos e prosas
Pois, sempre na lida, se encontra presente
A luz que emana das chamas do fogo
Completa a silhueta de um taura que canta
Que os versos que trança tem vozes de campo
Que aflora sua alma de homem da pampa
As chamas consomem o cerne do angico
Restando o silêncio e o rubro das brasas
Pra serem sinuelos parindo manhãs
Com o Sol que, nas frinchas, vem dando, ô, de casa
Se ascendem auroras no ronco dos mates
Campeiros se aprontam pra outro careio
Se vão qual centauros pra outras coxilhas
Cavalos e homens, parceiros do arreio