Um dia destes passeando na cidade
Em frente uma faculdade deu-se um caso interessante
Vi em apuros um honesto lavrador
Que ofertava uma flor para uma estudante
Mas a oferta tão amável do roceiro
Transformou-se em picadeiro para uma gozação
Porque o simples lavrador não esperava
Que aquela estudante não tivesse educação
O sapatão e o velho chapéu rasgado
Foi o ponto cobiçado deste show de humilhação
E o roceiro com o rosto avermelhando
Com os olhos lagrimando respondeu com precisão
Não ria, moça, deste teu irmão roceiro
Que lutou o ano inteiro pra grandeza da nação
Se minha roupa está assim toda rasgada
Rasguei no cabo da enxada plantando arroz e feijão
Lembre-se, moça, que até a grande ciência
Poderá ir à falência se o alimento faltar
Até os grandes astronautas do espaço
Poderão ir ao fracasso se o roceiro não plantar
Por isso lave essa boquinha primeiro
Antes de rir de um roceiro que quer ser amigo teu
E como há sempre um virado bem gostoso
De feijãozinho lustroso que é caipira igual a eu