INSTRUMENTAL
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
Lava-a de crimes espantos
De roubos, fomes, terrores,
Lava a cidade de quantos
Do ódio fingem amores.
Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas.
Lava bancos e empresas
Dos comedores de dinheiro
Que dos salários de tristeza
Arrecadam lucro inteiro.
Lava palácios, vivendas,
Casebres, bairros da lata
Leva negócios e rendas
Que a uns farta a outros mata.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
INSTRUMENTAL
Lava avenidas de vícios
Vielas de amores venais
Lava albergues e hospícios
Cadeias e hospitais.
Afoga empenhos favores
Vãs glórias, ocas palmas
Leva o poder de uns senhores
Que compram corpos e almas.
Leva nas águas as grades
De aço e silêncio forjadas
Deixa soltar-se a verdade
Das bocas amordaçadas.
Das camas de amor comprado
Desata abraços de lodo
Rostos corpos destroçados
Lava-os com sal e iodo.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
Tejo que levas as águas
Correndo de par em par
Lava a cidade de mágoas
Leva as mágoas para o mar.
INSTRUMENTAL