Pensamentos desordenados
A mente foge voa longe e o tempo escorre pelo ralo, num estalo
Tô aqui, num outro já nem sei
No peito algo aperta e me alerta que ainda não cheguei, mas falei
Eu te amo antes de partir, eu disse sim eu não quero, mas preciso ir
Enfim deixei pra trás as certezas matemáticas
Com os jornais me embrulhei e fiz a tácita reconciliação
Com aquilo escondido aos olhos, que só se sente com seu coração
Eis a alienação, da qual tentei fugir
Nos becos e vielas foi onde eu me escondi, foi donde eu renasci
Foi onde eu me venci foi onde eu percebi que o céu tem mais estrelas
A vida é mais do que se entende
Então por que não me contento em tê-la?
Andarilho, busca a redenção
Faz da tua fome instrumento pra reflexão
Uma moeda um pão um copo de café
Vivendo em meio ao caos e sustentando a sua fé
Em dias melhores que virão em dias melhores que virão
Chinelo gasto, a boca seca e na cidade se encolhendo
Atrás de mim existem mil cabeças, presas
Por uma lógica da qual me desvencilho
Eu não vejo o trem da vida, mas sigo num trilho
Sem saber se ele vem de lá de cá, dali
Daqui a pouco ou logo mais
Se ele vai passar por cima, isso tanto faz
Só que não dava mais pra viver só calado
Hoje eu grito alto, pros ouvidos surdos, sigo a passos largos
Com medo do mundo
A mão se estende pra pedir as faces viram de lado
Indiferença, por mim, não... Mas por outros vários
Que estão aqui por falta de opção, eu caminho
Não por isso, mas por redenção, inconformação
Pura subversão, a chuva cai, o vento sopra e leva embora
O suor do meu rosto, eu não sabia, isso tem outro gosto
Oposto ao que se compra com dinheiro
Exala cheiro de um perfume natural, do mal
Esse sistema que inibe os seus sentidos
Quantos sábios na sarjeta sabem disso?
O silencio precede a atrocidade
Caminho com lagrimas nos olhos ao ver a realidade
Olhos abertos enquanto durmo por medo de voltar ao sonho
Sorriso medonho, pesadelo da conformação
Sou andarilho em movimento pra fugir dessa programação
Buscando a redenção, ou a revolução?
Taxado como louco por não ser do padrão
Sou realização do que o sistema não quer
Enquanto a bala se projeta ainda estou de pé
Como os pinheiros na floreta, vou morrer em pé
Meu escaler num mar imenso de encontro à maré