Meu canto é pro canto da água que corre, pra água que arde e que deixa de porre
Praquela que desce da ladeira, que bate na ribanceira
Que cai do céu, lava a minh'alma
Que molha meu corpo e o coração
Aquela que leva meu sorriso
e escorre no rosto de emoção
Tem aquela água que eu preciso
que mata a minha sede e a que brota do chão
Eu canto pra água que pinga na janela, que chamo de orvalho
Chamo de sereno e a que se transforma em serração
A água que sai dos poros do corpo dela
A água que leva o meu barco
E a água que ponho no feijão
A água evapora na tampa da panela da folha
do rio, dá uma molhadela
Na planta com água do sertão
Eu tiro água doce de dentro da cacimba
Que molham os panos que enxugam a água
Que antes molharam o meu chão
A água salgada do mar que me alucina
Do coco que encontro na esquina
A água no solo dos lençóis
Aquela que sai pelo ralo, que pinga e dá nós
A que vira gelo e a que serve de espelho
É por ela que solto a minha voz