De ponta a ponta, tudo é praia-palma
Quebranto na vertente das montanhas
As aves evasivas embalsamadas
País de saúva e mar
Vivi pra te desvelar
Mercúrio, chumbo e césio nas aguadas
Quilombos entocados na caliça
As alegrias azinhavrando as almas
País de febre e luar
Morri pra te decantar
Quando olhei a terra inteira
Ardendo em vasto fogaréu
Eu vi que o morro da Mangueira
Parecia um inferno no céu
Grassou Saturno, tudo está em transe
O presidente zambo, a musa louca
Mas súbito as nascentes destilam sangue
País que agoniza luz
Teu nome é a minha cruz
Não permita Deus que valhas
Menos que o teu coração
Teus flancos de Maracangalhas
Tua língua de Grande Sertão
De ponta a ponta, tudo é praia-palma