Moça do cabelo enrolado
Do olhar esverdeado
Dos lábios de maçã
Moça, teu beijo é pecado
Mas meu lábio foi condenado
A viver nesse afã
Moça, eu sei que queres segredo
Sobre todo o enredo
Que estamos a compor
Mas, moça, é um engano ledo
Achar que o medo
É guardião do amor
Espelho, espelho meu
O meu corpo no teu
É um conto de duas fadas
Espelho, espelho meu
Só me alimenta o mel da maçã envenenada
Moça, não tenho encanto
Nem reino nem santo
Pra brincar de perfeição
Tenho apenas um canto
Imune a todo quebranto
E a toda caça ao coração
Abraça o teu riso e não solta
Revira o mundo e revolta
Que vou te acompanhar
Deixa que a paz nos escolta
Nesse caminho sem volta
Que não se pode trilhar
Deixa que a paz nos escolta
Nesse caminho sem volta
E quem precisa voltar?
Espelho, espelho meu
O meu corpo no teu
É um conto de duas fadas
Espelho, espelho meu
Só me alimenta o mel da maçã envenenada
Espelho, espelho meu
O meu corpo no teu
É um conto de duas fadas
Espelho, espelho meu
Sequer sinto o fel da maçã envenenada
Ninguém precisa do conselho da serpente
Que ainda ousa trocar amor por força
Não sou santa, puta ou ventre pertencente
Sou só uma moça que gosta de outra moça