Hora de Fechar
(Magina do Rosário)
A máquina dos discos engasgou-se, emudeceu
A velha ventoinha desistiu por fim.
O tampo do balcão bebeu de mais e adormeceu
A mobília resiste assim, assim.
O palco sujo boceja, o escarrador demitiu-se do seu cargo infeliz.
O striptease acabou à hora e meia mas ainda há um tanso a pedir bis.
Um marinheiro bêbado ressona em dó menor
Cansado de dançar um tango arrasador.
A tatuagem dedicada à mãe com muito amor
Não se percebe bem perdeu a cor.
E a loira platinada ainda espera agastada que ele se decida
Deita-lhe o olho à carteira há mais de uma maneira de fazer p´la vida.
O gerente desperta do seu plácido torpor
Sem vencer por completo a névoa cerebral.
Avança em zig-zag e vira as mesas em redor
E faz a despedida habitual.
Ó malta toca a andar, ponham-se a cavar
Já passa da hora de fechar
Já passa da hora de fechar
Que já passa da hora de fechar.