Cresci no campo e comprova na minha estampa
Moro na grota num rancho a beira da sanga
Perto do mato e como frutas silvestres
Aritchicum, Guabiroba e Pitanga
Cruz de Lorena pendurada sobre o peito
Pra impor o respeito e me livrar dos males e assombros
Chapéu bem grande, bombacha larga e o lenço
Bota e guaiaca e um pala sobre os ombros
Quando eu acordo no meu ninho de pelego
Fico escutando ao longe o berro do gado
O Quero-quero o guardião das madrugadas
Com seus filhotes se escondendo no gramado
Saio a procura de uma galinha matreira
tô procurando e me ferroa um Camoatim
Encontro ela se levantando do ninho
E vem um Lagarto se arrastando no capim
A Saracura está adivinhando chuva
E um Pica-pau entronado na tronqueira
Sento na sombra pra tomar meu chimarrão
Um Leitão guacho vem me e me virar a chaleira
Isso acontece pra mim que vivo no campo
Escrevo e canto esses versos galponeiros
Graças a Deus sigo de pé no estribo
Adoro e vivo esta vida de campeiro
por nelson de campos