Criancinha de roupa rasgada
Que soluça no frio do chão
Quantas vezes você adormece
Desejando um pedaço de pão
O motivo da sua existência
É difícil a gente entender
Por que existe um castigo tão grande
Para quem não pediu pra nascer?
Quem será esta pobre criança
Que não tem um colchão pra dormir?
Pobrezinha está sempre triste
Pois ninguém lhe ensinou a sorrir
Ninguém sabe de onde ela veio
Ninguém sabe pra onde ela vai
Nunca teve carinho de mãe
Nunca teve um beijo de pai
Ante a lei ela nem mesmo existe
Nos arquivos não consta o seu nome
Mas está nos arquivos do mundo
A criança que chora de fome
Deve haver um profundo mistério
Que permite um filho nascer
Da mulher que não sabe ser mãe
E de um pai que não cumpre o dever