Por aí andam dizendo que eu sou voileiro pacato
Mas não ligo pra conversa, nem dou bola pra boato
Aprendi o tocar da viola e também ser trovador
Se quiser cantar comigo apareça como amigo
Com prazer canto contigo e esperando aqui estou.
Cada vez que um trovão estoura tremendo o chão o meu peito revigora
Quando um corisco azul trilha de Norte a Sul o som do pinho melhora
Feito as águas da cachoeira caindo
Sobre a pedreira nas noites que tem luar
Minha voz também ondeia no clarão da lua cheia
Por sobre as ondas do mar
Pego água na peneira e carrego no jacar
Aonde eu cheguei andando quem corre não vai chegar
Tem muita gente correndo, mas não pode me alcançar.
Tem gente que não gosta da classe de violeiro
No braço dessa viola defendo meus companheiros
Pra destruir nossa classe tem que me matar primeiro
Mesmo assim depois de morto ainda eu atrapalho
Morre um homem, fica a fama e minha fama dá trabalho.
Nasci num ninho de cobra, minha mãe é a serpente
Devido ao veneno dela meu sangue ficou mais quente
Leão eu venço no tapa, cascavel mato no dente
O cachorro que me morde ai, sempre morre de repente.
Vou aonde tem amor, aonde tem ódio não quero ir
No lugar que tem viola eu chego e não quero mais sair
Deixei o divertimento, estou vivendo contrariado
O desprezo da morena deixou meu coração maxucado
Até o pé de rosa branca está murchando e não dá mais flor
Parece que adivinha que já morreu nosso grande amor
Vou aonde tem amor, aonde tem ódio não quero ir
No lugar que tem viola eu chego e não quero mais sair.