Na sua cor de flor cuspindo pólen, olhem
tudo ao redor rima com teu vestido
quando só vestes luz
como o tempo que se espera pra nascer
beleza ferina, ferrão de abelha
em pele de fruta depois que garoa
era licor a boca que ela deu pr’eu provar
tudo mudou, tudo mudava toda hora
quis meu fim e eu quis cegar dessa força polar
cegar das estrelas, cegar de velas
num canto que atrai os vagalumes
e os que vageiam nus atrás da luz
quando alguém diz :
vem amor, vem amor,
venha morar em mim!
vagalume vem, vem, teu pai tá aqui, tua mãe também!
vagalume vem, vem, teu pai tá aqui, tua mãe também!
ela mudou, toda manhã é outra rota
vira motor, vai rosa moinho por linhas tortas
rosa luz, rosa dos ventres sem pai, sem país
rouba dos detentos o sono dos ossos
rosa sim, rosa dos ventos suspirosos
o meu amor ficou na sua bolsa, ouça
ela levou e virou madrugada, ladra!