Tudo o que tenho é meu corpo
Sou o que tenho e te dou
Com um corpo como o teu
Não precisas nem de alma
Sente a minha violência
Como uma essência de calma
Anjos, se houvesse anjos
Claro, seriam como tu
No corpo, rosa dos ventos
Tudo é norte, tudo é sul
Se oriente, se ocidente
Toda cor corre pro azul
Não nada como o nada que é o eu
Indescritível nu
Sou um seixo rolado
Na estrada do lado
De lá do sertão
E ser tão humilhado
É sinal de que o diabo
É que amassa o meu pão
Mas meu corpo é discente
E, civilizada a mente
Gosta, cheira, toca, ouve e vê
E, com amor e anarquia
Goza que enrosca e arrepia
Roquerolando em você
Be-bopeando em você
Calipsando em você
Merenguendo em você
Bluesbusando em você
Um boogie-woogie em você
Tango um bolero em você
Chorando em você