Primeira estrela de prata
Chegou no fim da tardinha
Bateu numa revoada pras bandas da ribeirinha
Foi cortejando a florada
Varrendo erva daninha
Chamando a lua minguada
Que rodopiava sozinha
De longe se ouviu a toada
Cantada feito ladainha
Querendo fazer serenata
Pra seu condão da varinha
Que encerra o dia na mata
E como quem adivinha
O pôr-do-sol arremata o canto da pastorinha
Então a terra bordada
De ouro em sua bainha
À beira do rio coroada
Pensou que fosse rainha
Casou com a noite estrelada
A lua foi sua madrinha
Vestindo véu e grinalda e todo sereno que tinha
Nos braços da madrugada
O vento soprou a valsinha
Dançou a noiva encantada enquanto a aurora não vinha
E quando chegou alvorada a noite se escondeu na linha
Do horizonte que guarda a estrela pro fim da tardinha