Permita-se ser nascente
Permita-se ser o maior rio intermitente
Mas depois que seco
Não permita que haja algum pingo de chuva sequer
Permita-se ser sequoia
Permita-se ser a jiboia
Se pendure no galho mais alto
E caia na sua memória
Deixe-se sumir
Eras sem se achar
Até as montanhas caírem
Ninguém sentirá a mudança
Deixe se secar
Deixe vitória régia ser cacto
Abra a gaiola e veja
A sua sentença é ser livre demais
Conheça o mundo dentro de si
E perceberá que perdido estará
Fuja e não chegue a lugar algum
Não há mapa para nada disso ainda
Polua sua própria cabeça
Não tente ver pela fumaça
No final não haverá nada
Para se queixar ou contemplar
Deixe se sumir
Eras sem se achar
Até as montanhas caírem
Ninguém nem sentiu sua presença
Deixe se secar
Deixe tudo isso queimar
Abra a gaiola e veja
A sua sentença é ser livre demais
Permita-se ser semente
Permita-se ser a serpente
Permita-se ser o céu
Permita a sua mente
Permita-se ser sequoia
Permita-se ser a jiboia
Se pendure no galho mais alto
E se deixe cair no asfalto