São quase seis da tarde, o bonde tá
Qque já nem cabe guri
Depois de um geladinho na estação
A gente pode subir
Bondinho é tão gostoso
Corre não, sobe bem
Pras Naves e Prazeres
Pois o chopp também
E os bondinhos vão partindo
E os choppinhos vão saindo
Eu vi, na esquina co'a Santa Cristina
A mão divina esculpir
Rapaz, que coisa louca a flor-de-boca
E o olhar... como eu nunca vi
Passei meu Vista Alegre e o França
Até os Dois Irmãos
Voltei no mesmo bonde
E tava lá a inspiração
Escadaria da André
Que bonita ela é
Caramelos - braços belos -
Debruando o branco do vestido
Tetas tesas recheando e
Retesando a teia do tecido
Que ousadia! Que beleza
Me perdoe - ao pobre - a Poesia
Meu amor, Santa Teresa
Cada curva dela te copia
Só vi, no Paula Mattos, pé tão lindo
eem capoeira no ar
No Morro da Coroa, o Samba faz
Tão fina mão batucar
Curvelo, é o zigue-zague
Nos seus pelos pincel
E o Largo é seu sorriso
É o Guimarães do Miguel
Lagoinha, veste o céu
E o Silvestre, verdes véus
Longe o Cristo, o Carioca lotou
Seis da tarde, Ôlho no trilho eu estou
Lá vem ela! Ave Maria no Morro
A estrela d'alva aterrisou
Encarnou