E por mais que eu tente explicar, não consigo
De tornar concreto abstrato que só eu sinto
É como se eu ficasse aqui nesse cantinho
Vendo o mundo girar no erro abusivo
Ambulância sem maca, caravan diplomata
Golzin rebaixado, orbital 17" de tala larga
Zé povinho é a praga, bicho da seda não é a traça
Traça quem quer a seda e o bicho da seda maltrata
Golpe de bumerangue, não é tang
Cada coração é um universo e ainda tem que bombar o sangue
De cada mente pensante desse meu país insano
Num barraco de favela fermentar sonho com pranto
Do monstro que se constrói com ódio e rancor
A cada gota de bondade uma de maldade se dissipou
Várias fitas... Eis uma definição pra vida
Dos mistérios da ilíada, daí segredo: A biqueira é forquilha
O gostoso do inverno, tio
É fazer rolê sem passar frio
A mão, a mente, o gatilho, a favela chora seus filhos
Sem gps pra vitória, cada um faz seu destino
A vida é ritual, parte no meio do mundo a sós num laudo intenso
Denso contraste do firmamento ao asfalto
Plana alto até pousar na carne e flertar com o veneno
Que espanca uma mente fraca e arranca essas mão do remo
Mesmo buscando o pleno, tantos erros ao transcender
Há um jogo pra abdicar e um fogo pra acender
Aponto as sobras de amor pra extinguir o medo das cobras
E envio cedo as palavras pra não ser tarde pras obras
Ao justo a sábia sorte que não leva a alma ao norte
Quando fraco que és forte, tudo aponta o norte
Quando se pode enxergar além do que se vê, amplitude
Virtude vital já que o mal nessa paisagem ilude
Distante como um vizinho, te lembro do ninho
Onde o amor expresso é chaga viva, gesto é mais que o pergaminho
Fome e que todo vento ardente soa ao descobrir
A natureza da centelha divina que existe em si
Desato o nó da cama, enterro a discórdia na brasa
Rebato os peito de bronze por trás das barra de aço
Se renda, entendo o que ataca, a cegueira amola a faca
Da má lida com a existência, faz a luz da essência opaca
E nas crianças o brilho tá, olho lá que é pra enxergar
Agregar o meu viver o que devemos preservar
Rumo ao amor! Não importa qual caminho trilhe
Não se incline, sonho que se sonha junto é o maior "não vou"
Composição: Criolo