Espero-te
Como quem espera o futuro
Sem ciência, só por adivinhação
Não sei se és tu quem procuro
Mas é tarde pra tudo
Tarda-me o coração
Tenho-te nesta ideia que fiz de dois
Um qualquer, a mim já não me dobra
E entre um sim e um pois
Tu não matas nem mais
E o meu corpo já sobra
E às vezes dou por mim
Quando ninguém está a ver
Será que é por tanto crer
Que ninguém me quer
Sozinha na moldura
Na casa dos meus pais
Dizem que estou madura
E eu não quero esperar mais
Deixa que esta noite nos leve
Ai de mim, se não for agora
Que a razão só me pede
Que mata esta sede
E encerra a demora
Não sou eu, é o tempo que atraso
Me arrasta aos tombos pelo chão
Eu só quero um inquilino
Que paga no prazo
Esta solidão
E às vezes dou por mim
A queimar as janelas
Se ninguém me quer assim
Amo os maridos delas
Me acusem de pecados
Que me chamem nomes feios
Nos solteiros encalhados
Tenho eu os bolsos cheios
E às vezes dou por mim
E às vezes dou por mim
E às vezes dou por mim