Será que sou lento por ser triste
Porque tudo julgo inútil e vão
E em terra nada mais me assiste
Que o refúgio de um navio na imensidão?
Ou será que sou triste por ser lento
Porque nunca me lanço ao vasto mundo
Só Lisboa junto ao Tejo é meu intento
Onde anônimo como sempre, me afundo
Não seria melhor seguir à deriva
Pelas vielas escuras da Mouraria?
Lá encontro muitos como eu, sem via
Os que vivem sem amor, fé, alegria