Versos Necessários. (Daniel Antônio Soares)
Nunca pensei que fosse necessário/
Eu falar à Nação com tal desprezo/
Mas ao ver tanto bandido aí...ileso/
Concluí, nosso povo é ingênuo/.
Ou muito otário/
Já fiz rimas de alhos com bugalhos/
Mas o resto da rima deu censura/
Minha gente se vê a coisa dura.../
Não se espante, é que o bicho ta pegando/.
Ora sigo perdendo, ora ganhando/.
E, por isso, meu verso é necessário/.
No meu tempo Raimunda era agressão.../
Era ofensa, era alcunha bem sacana, /.
Hoje em dia, quem tem bunda bacana, /.
É manchete em jornais do mundo inteiro.../
Vejo bunda de janeiro a janeiro./
Bunda branca, mulata e moreninha./
Na verdade, até acho engraçadinha/.
Confundir com arte, é que não entendo.../
P’ra essa arte de hoje eu to perdendo.../
E por isso, meu verso é necessário.../
Admito até nem ter muito talento.../
Se comparado a Gil, Caetano e Chico.../
Mas, sair por aí pagando mico/.
Se arvorando de artista, é coisa feia/.
Essa gente é bem chave de cadeia, /.
Faço aqui meu protesto aos salafrários./
P’ra arte, a gente também é muito otário./
E por isso meu verso é necessário./