Neste amanhecer, o horizonte fumega
Nota-se o leve nevoeiro, a fechar os trilhos
A encerrar passagens secretas
Árvores besta minha terra, recordações de um passado assombrado
As minhas lembranças são como espinhos cravados na pele
Pregos que encerram o meu caixão
Durante anos visitei este mato, não para me prolongar de sofrimento
Mas para apaziguar o meu espírito dos tormentos
Relembro com plangeria, o agradável som dos nossos passos
O diálogo das vozes dá lugar a monólogos de silêncio
A escuridão abraça agora as minhas noites de solidão
Por vezes sinto a tua presença a rodear-me
A minha fraqueza…
Conheço cada raiz, cada galho partido
Caminhos estes, feitos outrora com companhia
Agora, caminho só, decorando sombras
Somente com o ruído do vento a trespassar-me
Uma vez mortas…
Os momentos penosos, as sombras ilustram figuras
Uma vez morto…
Já mais sentirei dor…
Jamais sentirei Dor… Da vida.