A noite é embalada a clonazepam
como a injeção que derruba o leão
como o tédio que emputece o patrão
num sonho obscuro ergo o polegar
e pego carona pra qualquer lugar
a bruma se estende, dificulta a interpretação
Ah, me deixe aqui
parece familiar pra mim
recordo foi onde aprendi a cair
ah, sinto decolar
de cima, nas nuvens visualizo o chão
me instiga a altitude
chegou a hora de pular
Me prendo ao paraquedas pra voar sentir a queda
sei que lá embaixo existe valorização
paraquedista de plantão
sempre preparado pra cair
sem saber se o paraquedas vai abrir ou não
se o paraquedas vai abrir ou não
ou não
Não vou permitir que os meus
temores se apoderem de mim
quem abre a porta pro medo
já prevê o lodaçal, o desespero
provo o fel, o amargor
quem prova e vive a vida aprende a dar valor
vou sentir
me entregar
com a crescente confiança na busca do inevitável